domingo, 22 de maio de 2011

Ainda o Tempo...

Sim. Os melhores sentimentos gritam por indefinições.
Clamam pelo extasiante silêncio. Pelo mudo embasbacar-se.
Sim. A explosão de alegria dispensa comentários.
Guarda recônditas confusões na busca de prolongar-se.

Não. Nada é definitivo. O fato de estarmos vivos.
Muito vivos! Não serve de sobreaviso para futuros erros.
Não. Perfeição é coisa de tolo. Sabemos segurar o choro.
Trocar possíveis sensações frustradas por desideratos terrenos.

E então no inicio da noite nos deliciaremos
Com o som dos nossos copos quase cheios.
E perderemos qualquer receio de não sermos nós mesmos.
Para depois, afinal, desistirmos de contar as estrelas,
De ouvir os sons noturnos. Sobrando os costumeiros sorrisos
E o barulho silencioso de fim de festa.

Sim. Os melhores sentimentos são inexplicáveis.
Não. Nada, nada mesmo, se torna com o tempo, definitivo!

Soneto de solidão

Estou só... e conto as lágrimas
De uma legião de anjos solidários
Festejo... sentimentos raros
Um não sei quê... sem palavras.


Estou só... e perco meu tempo
Desperdiço momentos esparsos
Comemoro ferimentos e estragos
De um breve e útil contratempo.


Necessário se faz o que desfaço
Esse imenso e caótico vazio
Que me confere à vida e ao espaço.


Uma sensação de talento e frio
Pois só, sei bem o que faço.
E sou capaz de ser vário, em mil!

Novos poemas

Et e o vídeo teipe

O mundo é a única coisa que importa
E, no entanto pensamos em Marte
Imaginamos marcianas e nos masturbamos...

Idealizamos bebês diferentes chorando
Um choro estrangeiro
E distantes da realidade nos unimos
Sonhando juntos
Um sonho impossível:

Uma ponte
A lua
Nós caminhando
Lado a lado
Vestidos a rigor
Lembrando Neil Armstrong.











Pré – conceitos




Antes da chuva – o calo dói
Antes do bom-dia – vem o olhar
Antes do grito – vem a aflição
Antes do gosto – vem a afeição
Antes do gemido – vem o sussurro
Antes do medo – vem a pergunta
Antes do rosto – vem o retrato
Antes da jura – vem o pecado

domingo, 15 de maio de 2011

Ser Corintiano

Ser Corinthiano é sofrer...
Na vitória sofrida. Na derrota indevida.
É torcer...
Gritar com o gol... Sofrido...
Gritar um gol perdido...
Gritar!
Ser corintiano é amar
E armar o churrasco antes do jogo
Ficar com a cabeça inchada
E esperar por outro campeonato
Ser corintiano é aguentar calado
O fato de não ter Estádio
Temos a praça.
Temos a rua.
Temos o Pacaembu
Uma enorme casa emprestada e quase tomada por usucapião...

Para quem é corintiano
Ser vice não vale nada.
Não serve de consolação...
Eis um sentimento cru
Difícil de explicar...

Nunca duvide da paixão de um corintiano.
O corintiano ama de forma tão prazerosa o seu time
Que considera um crime quem o ama só um pouco
Torcer pro Corinthians é se autodenominar um louco
É ter o prazer de pertencer a um bando
É transformar gritos em cânticos...
E cânticos em um barulho ensurdecedor

Ser corintiano é aprender na marra que perder
Pode ser até bom desde que seja com garra
E por quem mereça sair vencedor!

Nasci com essa virtude e defeito
Dentre todas que poderia ter
Não me vejo de outro jeito
E só me resta admitir: sofrer faz parte
É algo que a gente assimila e transforma em arte
Como o bom futebol – como um jogo bonito
Então me rendo e aprendo na boa
Sei que todo torcedor defende seu peixe
E tem quem vá até rir de minhas fracas rimas
Mas quando eu vejo o emblema, os símbolos
Sinto que essa paixão está acima de qualquer rito
De qualquer sentimento à toa.
É o que faz sentido por si só

E não se fala mais nisso...

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Poema concreto

Paralelepípedo

Da
Nostalgia
Fez
-
se
medo
de
que
talvez
tudo
acabasse
como
começou.

Da alegria
Fez
-
se
enredo
de
que
talvez
um
dia
se possa
entender
o que
passou.

O início já era...

Estamos no meio.

Você pode entender?!!??

Quando o momento pediu
A chance que você não me deu
Da boca a palavra não saiu
E o silêncio significou adeus

Você pode querer que eu modifique
Meu modo de pensar e que fique
Do jeito que você precisa
Mas o bom senso avisa
Que nada é do jeito que a gente quer
Nem da forma que o bom senso pede!
Todo mundo cheira, todo mundo fede...

Você pode dizer que o que eu falo
Está escrito nos livros que leio
Que o que declaro não sinto
Que o meu astral é baixo demais
E que o que eu faço não te satisfaz
E que eu minto e não te deixo em paz

Eu não to nem aí
O que eu queria
Ah, o que eu queria
Eu já consegui...

Fotos

http://photography.nationalgeographic.com/photography/photos/best-pod-january-09/

domingo, 8 de maio de 2011

Sobre o pequeno ensaio

É o texto de abertura da minha participação na coletânea que eu e o Antonio Rodrigues Loureiro (Toninho) organizamos em Itaí. A "Antologia Literária Itaiense". Resolvi publicar aqui por dois motivos. Ele serve também pra explicar o que me leva a escrever e ao mesmo tempo introduzirá alguns outros textos que abordarão minha juventude, adolescência...
Não sei ainda onde chegarei com o que escrevo. O objetivo principal é a publicação de um livro. Não tenho a menor pressa. O que quero é continuar sentindo o mesmo prazer que senti quando escrevi meus primeiros poemas e minhas primeiras letras de música. Algumas musicadas por meu amigo Jatir serão postadas mais a frente...

Pequeno ensaio sobre a simplicidade

A primeira vez que resolvi escrever um texto foi de repente. Passava na televisão um documentário sobre o jogador Garrincha, e apaixonado pelo futebol senti a inusitada necessidade de escrever algo. Escrevi um poeminha onde repetia o apelido dado ao atleta por Armando Nogueira, “pássaro de pernas tortas” e dizia que ao jogar tentava imitá-lo. Era uma mentira porque até então eu não o conhecia, mas havia esse sentimento de melancolia por não conhecê-lo e pela vida dele ter sido tão difícil quanto sua genialidade. Ah, e eu estava por me mudar de cidade (de Avaré para Itaí) e isso estava me torturando. Expressar essa melancolia foi talvez o que tenha me levado a escrever.
Escrever é libertação. Desde então quando não entendia tanto o que eu sentia me debruçava sobre uma folha de caderno e escrevia. Depois ao ler acabava me entendendo melhor. A poesia é algo que muitas vezes vem sem muita explicação. Para mim serve para representar de forma instantânea o que eu sinto em determinado momento. Registro o que sinto e isto ajuda a entender o que penso e o que faço. Hoje lendo a maioria de meus primeiros poemas vejo o quanto era ingênuo e finalmente consigo perceber a importância de meu amadurecimento. E para quem lê? Qual a importância dos meus sentimentos para quem apenas lê?
A primeira vez que ouvi a música “Há Tempos” da Legião Urbana foi inesquecível. Eu me encontrava em excursão com minha turma de escola na cidade litorânea de Caraguatatuba e enquanto eles brincavam num lago em frente a um barzinho eu os observava ouvindo o que tocava na rádio do local. O locutor anunciou a nova música de minha banda preferida da época – 1990 – e logo nos primeiros toques, nos primeiros versos aquela música me passou uma alegria que explicava tudo o que eu sentia naquele momento. Talvez eu esteja tentando ser entendido de uma forma um tanto difícil. As letras de Renato Russo foram escritas em cima de tudo o que ele sentia e entendia. A gente ouve, lê e também sente e entende. Assim é com a poesia que escrevemos em torno do que sentimos e entendemos que outros lerão, sentirão e entenderão.
Posso parecer presunçoso, mas, proponho uma troca de informações: ao escrever o que sinto e o que penso pretendo ser lido para que você na sua solidão tenha o mesmo estalo, a mesma descoberta e a mesma sensação que tive ao ouvir a canção da Legião. Lá naquele dia de sol enquanto os gritos de alegria de meus amigos ecoavam, eu ouvia os versos que dizem até hoje coisas tão verdadeiras e que embora estejam numa letra de uma música não deixam de ser poesia. Um de meus poemas presentes nesse livro foi feito naquele dia e até hoje ao lê-lo tenho a incrível sensação de alegria sentida naquele momento.
A literatura é isso: intensa troca de informações pessoais e os pensamentos que externamos através dela nos faz incrivelmente mais fortes. Quem lê com certeza está quase sempre tendo a chance de comparar o que vive com o que é vivido por quem escreve ou pelos personagens criados pelos escritores. Então peço atenção ao que escrevo e se possível se me encontrar na rua e quiser conversar a respeito, esteja à vontade amigo leitor. Sou eu por inteiro fazendo algo de que não consigo me desvencilhar. A literatura para esse ser aqui é tão forte quanto à disposição que sinto em querer que o meu futuro seja o melhor possível.

sábado, 7 de maio de 2011

Outdoor

É melhor
Não fazer errado
Para não querer repetir.
É melhor
Ouvir tudo de novo
Para não querer ensinar.
É melhor
Não perceber os detalhes
Para não querer recriar.

É pior
Saber profundamente
E não poder discutir.
É pior
Acreditar piamente
E não conseguir refletir.
É pior
Entender quase tudo
E não poder usar.

E além do que
Quem não se arrepende
De dizer verdades??

Conto

Uma noite comum num dia qualquer


E vem de novo meio cambaleando. Será que ele só me quer quando está bêbado? Fiz que não ouvi... Então ouço seu andar encumpridado.
Quer ficar comigo?
Assim na lata fica difícil. Já não tô muito querendo e ele vem sem romantismo, tá pensando o que?
E aí... Não vai responder?
Ah meu saquinho. Ta bom, já que você tá procurando, que seja:
Você vive bêbado e quer ficar assim sem nem mesmo se curar antes. Dá um tempo ô... O que você tá pensando? Eu não sou uma qualquer
Falei olhando para um cachorro na esquina. Saiu tudo de uma vez, o cachorro acordou, me deu uma boa olhada e fechou os olhos novamente.
Aí o Du fez uma coisa que eu não esperava: deu pinote, saiu de banda.
E fiquei assim sem eira nem beira.
Pensei em voltar atrás. Mas e o medo dele me dispensar de vez. Abaixei a cabeça e quase pisei na merda do cachorro, desviei sem olhar pra trás – morrendo de vontade de olhar – cheguei em casa... E não consegui dormir.
Fiquei pensando em seus beijos com gosto de cerveja. Em seus abraços suados. Em seu perfume barato.
E no quanto nos ensina a vida nas noites mal dormidas!

* * *

Olha lá, rapaz a Luana indo embora sozinha de novo. Ah, não vou resistir...
Mas cara, a gente acabou de levar aquelas duas embora e...
Larga mão! Ela já ficou comigo duas vezes desse mesmo jeito.
Então corra, cara. Eu vou embora...
Falou.
O que é que tá havendo. Ela fez que não me viu.
Aumento o passo então...
Quer ficar cumigo?
O que está acontecendo? Ela agora não fala nada. Apenas está com cara de brava. Será que ela sabe da Lurdinha.
E aí, não vai responder?
Aí ela fez uma coisa que eu não esperava: me esculhambou!
... O que você tá pensando, eu não sou uma qualquer.
O que me restou foi dar a volta com a consciência pesada de quem pisou na bola. Quase tropecei em um cão que dormia na calçada.
A Luana merece mais respeito.
Essa de tratar ela como resto não tá com nada.
Bom, tomei uma decisão: a partir de amanhã vou fingir que nem a conheço.
Cheguei em casa... Dormi sonhando com a Lurdinha...

* * *

Estávamos nós dois na madrugada voltando da noite, quando vi a Luana virando a esquina. Com aquele reboladinho lindo. Meu Deus, se eu tivesse coragem, juro que teria ido atrás dela!
Ah, não! O Duzão também a viu.
Olha lá rapaz a Luana indo embora sozinha de novo. Ah, não vou resistir...
Tentei dissuadí-lo:
Mas, cara, a gente acabou de levar aquelas duas embora e...
Larga mão! Ela já ficou cumigo duas vezes desse mesmo jeito.
Decidi apoiá-lo só para ver se ele desistia, pois ele sempre gostou de ser do contra:
Então corra, cara, eu vou embora.
Falou.
E ele foi. Ele não deixou de ir... Foi...
E eu fiquei perdido.
Sempre gostei da Luana. Nunca tive coragem de chegar. E o Duzão com o seu jeitão grosseiro fica com ela a hora que quer.
Fui embora. Em casa tomei um sal de frutas e fui dormir. Liguei o rádio. Fiquei pensando na Luana e sem querer imaginei o Duzão a beijando.
O pior é que sei que a coisa não vai ficar só nos beijos. O pior é que ele vai passar a mão nela... Está com umas a mais na cabeça mesmo... E vai que é isso o que ela quer, ficando com ele a essas horas.
Mas não quero imaginá-la como uma qualquer.
É ele que é um babaca. Amanhã, nem vai olhar pra ela. E isso é o que é pior. Tentei pensar em outra coisa... Na Jussara...
Mas não consegui!
De repente me veio que poderia ter chegado antes do Duzão.
Poderia ter sido mais corajoso.
Assim quem sabe eu estaria no lugar dele. Só que tenho que esquecer... Eu vou esquecer... Decidi: a partir de amanhã nem olharei mais para ela...
Na janela, os primeiros raios de sol anunciaram um novo dia. Um novo domingo. Foi só mais uma noite perdida em meio a mais uma vida qualquer...

“Nirvana”.

Poesia

Poeminha de amor nº 1




Preciso fechar os olhos para ver
Os seus

Silenciar-me em toda parte que eu for

Cantar junto “Quase Sem Querer”

Voltar a acreditar em Deus
E pedir a Ele sorte no amor

Sim – preciso me amar mais!
Olhar no espelho o meu rosto
E me certificar de que estou aqui

Porque por mais que eu tente
Que eu cante
Escreva ou invente
Não consigo traduzir o que sinto
Quando vejo o seu olhar...

Nem quero!
Pois o encanto, só o encanto torna visível.
O que não se pode explicar...

domingo, 1 de maio de 2011

Tempestade

Éramos três. Eu, Tonico e Raul, enfrentando a chuva naqueles dias de janeiro. Éramos fortes, persistentes, espertos e ríamos muito de tudo aquilo.
A água pesada e avassaladora aos poucos destruía nossas fortalezas. Contrariando qualquer lógica aquilo era gosto. Irmanados por um sentimento inexplicável de prazer, continuávamos construindo as barragens que seguravam as águas até certo ponto.
Nunca esqueci de um tombo do Tonico, muito menos do que se seguiu. Raul que se encontrava agachado, juntando terra, imediatamente se levantou e correu para ajudá-lo.
Ver Raul dando a mão a Tonico assumiu para mim uma dimensão épica. Descobri naquele momento o sentido da tal solidariedade. Até então havia uma certa competição entre nós. Não queríamos nem saber um do outro. O outro era o outro. Ali de repente nos transformamos em três amigos de verdade.
Corri reerguer a barragem do Raul. E Tonico mostrava aos berros o joelho esfolado. O barulho do temporal não nos deixou ouvi-lo.
O fim da chuva quase sempre era de um silêncio triste. Às vezes coincidia com o anoitecer. Exaustos, voltávamos para nossas casas. Lembro-me do banho demorado; quase sempre era acabar o banho e me deitar; dormia o sono dos justos. Muitas vezes nem jantava.
Aos doze anos, fazer açudinho na calçada da rua de casa quando chovia era nossa pequena aventura e hoje quando olho para esse passado, bate aquele sentimento inexplicável de saudade.
Essa palavra faz-me lembrar de Tonico.
Ele agora é frentista de um posto de gasolina aqui da cidade. Vez em quando o vejo andando rápido, cabeça para o alto. Andar firme de pai-de-família. Com responsabilidade de erguer e reerguer muitas barragens. De vencer obstáculos e continuar sempre se levantando a cada tombo.
E Raul?
Dia desses o vi. Está formado doutor. Um advogado criminal que com certeza, é capaz de dar a mão quando necessário.
Assim é a vida. Alguns momentos nos marcam mais que outros. Seja por um gesto, seja pelo sentimento que ficou ou mesmo por algo que não tem explicação.
Esse tempo. Esse dezembro. Essa brincadeira que inventamos por não sobrar muito que fazer nos dias de chuva levou-me a escrever e ver de outra forma essa chuva que cai agora lá fora. Os gritos que só eu ouço. A saudade que só eu sinto.













“ Stand by Me”. (John Lennon)

Uma música que fiz já há algum tempo

Ilusão de Óptica

Não tenho paciência de tentar entender
As coisas que você não diz
E para tentar ser feliz
Já disseram que a ciência não explica isso
Da gente não ter resposta nunca
Mas é preciso viver
um dia de cada vez

Estamos atrás do que é simples
Estamos atrás do que é simples


Tentando conhecer o mundo
O mundo. O mundo inteiro
Tentando conhecer o mundo
O mundo. O mundo inteiro


Eu queria ficar junto o tempo todo
Mas acho que isso estragaria o prazer
De sempre nos surpreendermos
Com o que pensamos em dizer e fazer
Um com o outro

Não existe felicidade
Pra quem acredita existir
A vida é boa, a vida é bela
É o que a gente fizer dela
O que a gente quiser dela
Existem momentos melhores
Em que é possível sorrir
A vida é boa, a vida é bela
É o que você fizer dela
O que você quiser dela!