sábado, 11 de junho de 2011

Especial para o Dia dos Namorados

Uma crônica e só

Aquele tempo passou.
Não há mais o que lembrar.
Vestígios? Nem isso...
Minhas palavras querem chegar a um ponto e não chegam.
Meu medo é o de sempre: ser compreendido o suficiente.
Para que escrevo?
Não sei... Sinceramente não sei.
Havia um tempo em que eu sabia. Mas como escrevi, aquele tempo já passou.
O que escrevemos nasce da necessidade que temos de entendermos a nós mesmos?
Veremos!

Décio retornou.
No aeroporto encontrou toda sua família. Faltava alguém.
Olhou para os lados, disfarçou o que pôde até perguntar para todos ao mesmo tempo:
- e Fernanda?
O pai tossiu nervoso. A mãe sorriu “amarelo” e finalmente após uns segundos de silêncio imenso a irmã sentenciou:
- ela não veio.
Nada mais foi dito a respeito, pois o irmãozinho mais novo quis saber como era a Itália. Se ele assistiu a algum jogo do time do Ronaldo Fenômeno.
Entraram no carro os cinco. Ele relaxou um pouco pensando que não haveria um lugar para Fernanda no carro mesmo. Angustiou-se, mas se conteve e no caminho apenas limitou-se a contar como são belas as cidades italianas e como foi o único jogo que viu em Roma, sem Ronaldinho que estava contundido.
Chegaram a casa. Pintura nova. Tapete vermelho e uma faixa felicitando o filho vitorioso.
As últimas cartas que mandara não foram respondidas. Não devia ser extravio como imaginara.
Ficou um pouco na sala sem saber o que fazer. A mãe foi para a cozinha preparar um café. O pai foi buscar uns amigos para um churrasco de boas vindas.
Ao irmãozinho aproveitou pra dar alguns presentes. Quase no intimo de seu ser pensou em tudo como algo passageiro.
Que não deveria ter voltado. Que seus estudos foram inúteis e tentando lutar contra aqueles pensamentos chamou a irmã.
Iria perguntar, mas se conteve.
O semblante dela foi o suficiente.
Mais para cortar o silêncio do que por qualquer outro motivo, ela disse:
- Espero que goste da mobília nova do seu quarto. Fui eu que escolhi.
Silêncio.
Décio estava feliz por ter retornado, mas não queria ter motivos para voltar novamente.
Subiu para o velho quarto de solteiro.
Abriu a mala menor.
Da parte lateral, retirou uma caixinha azul, de luxo.
Abriu e chorou.
O brilho do anel que daria para Fernanda como sinal de noivado foi ofuscado por suas lágrimas.
Aquele tempo...
Aquele tempo passou.

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