domingo, 26 de junho de 2011

As Melhores Coisas do Mundo - Parte I

Posterior a seis Artes (Teatro, Música, Pintura, Literatura, Escultura e Dança excetuando arquitetura e desenho deixados de lado pelos romanos e gregos) o Cinema permite sem dúvida um prazer sensorial formidável. Assistir a um bom filme equivale a ter contato com quase todas as outras artes existentes. É como estar numa imensa galeria em que você vê uma exposição, ouve a trilha sonora, absorve a fotografia, “lê” o roteiro, etc.
Como professor, tento sempre que posso utilizar da melhor forma possível essa linguagem para incrementar minhas aulas e com o tempo (após mais de dezoito anos de profissão) comprovando o fato de que um bom filme comentado e debatido vale mais do que algumas aulas. Foi com esse pensamento que nesse ano tenho escolhido os filmes a compartilhar com meus alunos sem a preocupação de necessariamente ser de geografia. O que importa é que a experiência visual permita que se possa conversar depois. E que seja troca de opiniões construtivas.
E já que o assunto do momento é o bullying resolvi escolher um filme no segundo bimestre dentro desse contexto. Logo de cara lembrei-me das resenhas que li sobre um filme nacional que estava passando nos cinemas ano passado. Consegui o filme através de um amigo antes mesmo dele ir pra locadora (se acaso for um dia) que o “baixou” na internet e primeiro deixei que minha filha o assistisse para saber se valeria a pena mesmo passar pros meus alunos de segundo e terceiro colegiais. Ela aprovou! Eu adorei também. Preparei uma conversa anterior com meus alunos e pedi a eles que escrevessem numa folha de caderno as suas dez melhores coisas do mundo.
Aproveito para falar de como o cinema nacional tem melhorado nos últimos anos. Assim de cara cito quatro exemplos de filmes que nada devem a cinematografias de outros países (inclusive os esteites):- 1- “Se Eu Fosse Você” do Daniel Filho com as magistrais interpretações de Toni Ramos (provando que não é só um bom ator de novelas) e Glória Pires. Essa comédia faz rir de verdade e refletir um pouco sobre as diferenças necessárias entre homens e mulheres. 2- “Tropa de Elite – 2” de José Padilha, com o grande ator (esse cada vez mais de cinema mesmo) Wagner Moura. Consegue ser uma continuação ainda melhor que o primeiro filme com mudança de enfoque e muita ação mereceu ter quebrado recordes como quebrou. 3- “Saneamento Básico” de Jorge Furtado, com Fernanda Torres e também Wagner Moura é uma comédia hilariante que provoca naturalmente muitas gargalhadas. Impossível não gostar, embora dessa história de um grupo de amigos e familiares muito simples que se unem para fazer curta metragem. Muito interessante até mesmo como meta-linguagem. 4- “1972” de José Emilio Rondeau, com os jovens Dandara Guerra, Rafael Rocha e Bem Gil é filme despretensioso que se pretende quase retrato de uma geração com caracterização primorosa de uma época em que nosso país ainda vivia sob a ditadura militar. É filme divertido que vai bem numa tarde com amigos, pipoca e coca-cola...
Esses exemplos servem apenas para que tenhamos a certeza de que nosso cinema já tem uma cara, um estilo e certo apuro técnico que realmente não tinha no passado. Bem, depois desse parêntese quero falar de meu projeto com meus alunos. Passei o filme novíssimo da diretora de “Bicho de Sete Cabeças” Laís Bodanski, “As Melhores Coisas do Mundo” com os adolescentes estreantes Francisco Miguez e Gabriela Rocha (Mano e Carol) e participações de Denise Fraga, Fiuk e um surpreendente Paulo Vilhena, com ótimo roteiro que mostra muito bem os anseios e as esperanças de jovens da classe média brasileira trata principalmente de diversos tipos de bulying (essa palavra que infelizmente não encontra tradução adequada ainda para o português) e tem na paixão platônica de um casal de amigos apaixonantes um pano de fundo para um momento de diversão que só a sétima arte possibilita.
Vi meus alunos assistindo num silêncio delicioso. Rindo muito e também se emocionando na excelente sala de vídeo (com datashow, cortinas pretas e cadeiras almofadadas) da escola “Abílio”. As ‘uma hora e quarenta minutos’ das quatro sessões do filme passaram rapidamente e ao final vi sorrisos de satisfação quando o Mano consegue tirar uma das músicas mais bonitas de todos os tempos, “Something” dos Beatles. O impacto visual, a percepção de que a música escolhida pelo adolescente para impressionar a colega de classe era realmente linda, as atitudes do jovem (irmão do Mano) com sua decepção amorosa e o relacionamento conturbado e conflituoso dos adultos foram assimilados de uma forma bem bacana. Permitiu troca de opiniões e deu até a possibilidade de discutirmos sobre a relação professor e aluno. Enfim, deu resultado aquém do esperado.
Sair do lugar comum, fazer da sala de aula um espaço de reflexão e troca de experiências, afinal não é esse um objetivo dos novos parâmetros curriculares?
Entre as dez melhores coisas do mundo está a amizade, a boa conversa, a música, ler um bom livro, os risos dos meus filhos, namorar, um almoço delicioso de domingo com toda a família, uma viagem para um lugar até então desconhecido e porque não assistir a um bom filme e poder comentá-lo depois. É isso que me proponho sempre. Tornar a vida mais fácil de ser vivida é procurar pelas coisas que mais gostamos. Sempre...
http://virou.gr/iEFVzT
Marco Antônio*
@Prof_Marcoant_
...E para você, quais são as melhores coisas do mundo?

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