sábado, 18 de dezembro de 2010

Como nasceu esse poema abaixo:

        Era meados de 1990, eu e meus amigos terminávamos o colegial e fizemos uma viagem para a cidade litorânea de Caraguatatuba. Foi uma viagem especial. Estávamos numa espécie de rito de passagem e eu específicamente não tinha mais aquele ranço de maluquice que me acompanhou por boa parte da minha adolescência. Eu só pensava nos próximos passos a dar. A faculdade a fazer. Havia uma tristeza inerente que eu tentava chutar para longe. Ficamos em uma casa alugada que não era tão grande o suficiente para abrigar a todos. Alguns dormiram na área. Outros até mesmo na lage da área. Eu e alguns amigos mais tímidos dormimos no quarto menor (na verdade não dormimos). Eis que no terceiro dia, uma turminha nossa (Márcia, Moacir, Aldo, Adriana e outros) resolveu dar uma volta pela cidade. Fui junto. A curiosidade foi que encontramos perto da praia, mas dentro da cidade, um bar muito interessante que ficava em frente a uma pequena lagoa natural. Não pensamos duas vezes e meus amigos perguntaram se poderiam nadar na lagoa. O dono do bar, sério, respondeu que sim. No ar ficou para mim que o que deveríamos fazer era simplesmente gastar algo no bar. Já que eu não estava preparado para nadar (na verdade é uma coisa que eu não aprendi) fui até o balcão e pedi uma coca (vício que me acompanha até hoje) e uma porçãozinha de prezunto e queijo (na época era hábito servirem porções) que peguei e fui sentar-me em frente a algazarra que os amigos já faziam na lagoa. Antes pedi para que ele aumentasse o volume do rádio que estava ligado. Fiquei lá observando a bagunça. Chegou aos poucos um sentimento de alegria incontida que ficou muito grande quando no rádio o locutor anunciou uma nova música de uma banda que eu gostava muito e que acabaria indo ao show deles nesse mesmo ano, a Legião Urbana. Era o hit "Há Tempos". Tomou conta de mim uma sensação indescrítivel (que não vou contradizer e tentar explicar). Pedi ao comerciante já incomodado,acho, pelo barulho de meus amigos e pelo meu silêncio uma caneta e um pedaço de papel e ali mesmo, ao sol de 37 graus mais ou menos daquela quinta feira, sentado na sombra de um pequeno quiosque rabisquei os primeiros versos que começavam assim: "O locutor anunciou a nova música... Sensação única de algazarra e coisa boa...".

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